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25 de abril: A vida antes da Revolução e da Liberdade

25 de abril: A vida antes da Revolução e da Liberdade

Depois de 48 anos a viver num período de ditadura e opressão, os portugueses acordaram na manhã do dia 25 de abril de 1974 para uma nova realidade. Na Rádio Clube Português, passava “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, canção proibida pelo regime Salazarista, que víria a tornar-se o hino oficial da pacífica Revolução dos Cravos. “O povo é quem mais ordena” e 47 anos depois do país sair à rua para acabar com o Estado Novo e revindicar a democracia e a liberdade, e à semelhança do que aconteceu o ano passado, recordamos mais uma vez este marco histórico em contexto de Pandemia. Ela própria uma desafiadora da liberdade, já que nos cingiu às nossas casas e fez-nos repensar todas as rotinas e costumes.

Todavia, a realidade dos tempos que correm é bem diferente daquela que se vivia até ao 25 de abril. Naquela altura, eram raro fazer um investimento num imóvel para morar. Dava-se preferência ao arrendamento ou até à junção de vários agregados familiares na mesma casa. Desta forma, era comum encontrar habitações pequenas com bastantes assoalhadas. O financiamento dos bancos era praticamente inexistente, cenário que só mudou após a Revolução. Existia investimento imobiliário, porém em número residual, já que apenas quem tinha rendimentos elevados e quem juntava poupanças para comprar casas para arrendar é que se aventurava neste mundo.

Já dentro da esfera caseira, as mulheres tinham a mão nos assuntos da casa, mas os homens governavam o mundo. Educadas para garantir um bom casamento, para estimarem o maridos, os filhos e serem o modelo exímio de empregada doméstica exímio. Inclusivamente, existiam concursos a nível europeu da “mulher ideal”, que avaliavam as perícias do segundo sexo a nível da culinária, bordado e costura. A mulher estava afeta à casa, sendo que em 1974 apenas 19% da população feminina trabalhava fora de casa. De referir ainda que, a lei do contrato individual do trabalho permitia que o marido pudesse proibir a mulher de trabalhar fora de casa, além de que previa a necessidade de consentimento do marido para o desempenho de certo tipo de funções.

A nível de alimentação, a escolha recaía sobre a comida tradicional portuguesa. Era impensável ouvir falar sobre gastronomia de países como China, Tailândia, Nepal, Japão ou Índia. Consumia-se batata, arroz, salada (alface, cebola e tomate) e leguminosas, como grão, feijão e ervilhas e peixe, em especial o bacalhau que era a estrela de diversos pratos. A carne fazia parte dos menus em dias de festas, já que era cara. A comida tinha mais qualidade pois os animais eram alimentados de outra forma. À mesa, não podia faltar o pão nosso de cada dia, assim como os legumes e uma boa sopa de hortaliça.

A vida social estava limitada pelo regime. Não era permitido juntar grupos de pessoas para falar ou discutir ideias, sendo que a PIDE – a polícia que perseguia, prendia e interrogava qualquer individuo que fosse visto como inimigo à ditadura salazarista – procurava muitas vezes desmascarar possíveis opositores e organizações clandestinas, como o caso do Partido Comunista Português. Também fazia parte da jurisdição deste organismo a censura de todos os artigos de imprensa e obras de arte que difamassem o Estado Novo, através do conhecido “lápis azul”. O próprio conteúdo televiso era baseado na propaganda do regime e os noticiários emitiam matérias sobre as importantes figuras, as inaugurações e as visitas de Estado.

Apesar de ter acontecido há menos de 50 anos, atualmente é impensável viver neste tipo de realidade. Por isso é importante celebrar o esforço dos nossos antepassados, que lutaram para acabar com um regime opressor e conservadorista. Afinal, trata-se de um marco histórico para Portugal: o dia em que o país fechou as portas à ditadura, abraçou o regime democrático e disse sim à liberdade. Esta foi a maneira do Imovirtual assinalar este dia. E a sua?

Viva a liberdade!

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Ultima actualização: 29 outubro 2021
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